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O Campeonato Mineiro teve um ótimo encerramento, desde as festas das torcidas divididas nas “arquibancadas”, passando pela organização do evento, até o principal… o jogo.
Em campo pudemos desfrutar de um clássico bem jogado pelos dois times, sem polêmicas de arbitragem, muito bem conduzida pelo mineiro Felipe Fernandes de Lima e seus assistentes.
Mais uma vez o Cruzeiro jogou muito bem, mostrou organização e o Atlético ditou o ritmo da partida, acelerando e cadenciando quando queria e matando o jogo utilizando-se das suas forças coletiva e individuais.
Galo
O Galo foi campeão de forma irretocável, com uma grande campanha, que pode ser resumida pelas vitórias nos principais jogos da competição. Foram três clássicos, com três vitórias, sendo dois contra o Cruzeiro e um contra o América. Nestes confrontos o tricampeão estadual marcou sete gols e sofreu apenas dois e foi melhor que seus adversários em todos eles.
Podemos ampliar o resumo para os jogos contra os outros dois semifinalistas, Athletic e Caldense. Foram quatro disputas (três contra a Veterana e uma contra o Athletic) e mais quatro vitórias, com nove gols marcados e nenhum sofrido.
O Atlético não venceu o Estadual somente pela individualidade e por ser repleto de jogadores decisivos, mas por continuar tendo um fortíssimo jogo coletivo, mesmo com a troca no comando técnico. O Galo em 2022 tem 15 jogos (entre Mineiro e Supercopa), com 12 vitórias e apenas uma derrota (atuou com a garotada em Patos de Minas), com 85% de aproveitamento. Deste total de partidas, em nove a equipe não sofreu gols, com um índice de 60% de “clean sheets”.
Resumir vitórias de um time/elenco com esses números a 'individualidade de seus atletas' é puro desconhecimento da realidade ou simples despeito. O Galo de 2022 parece seguir o mesmo roteiro vencedor do ano anterior, com duas conquistas em dois meses de futebol na temporada. O time segue muito forte e o trabalho do Turco Mohamed é muito bom e consistente até aqui.
Raposa
O Cruzeiro finalmente é um time de futebol, após dois anos de bagunça dentro e fora de campo. As renovações na gestão, comissão técnica e elenco parecem, enfim, terem trazido organização ao futebol do clube.
A escolha de Pezzolano certamente foi feita por quem acompanhava o trabalho do treinador. O Cruzeiro contratou um modelo de jogo e foi ao mercado, com pouquíssimos recursos, buscar peças que se encaixam nessa engrenagem. Com jogadores medianos e muita limitação técnica, em um curto espaço de tempo, Pezzolano deu padrão ao seu time, com modelo de jogo bem definido e uma equipe extremamente competitiva. Em três meses, o Cruzeiro trouxe a confiança e o seu torcedor de volta, dois reforços importantíssimos pra uma temporada de tanta pressão.
A derrota já esperada na final certamente doeu no grupo e nos torcedores, mas não chega a ser uma ferida aberta. A evolução, a competitividade, as ideias, o comprometimento e o bom futebol mostrado no estadual e nas fases iniciais da Copa do Brasil parecem ter marcado muito mais do que a derrota na finalíssima do Mineiro.
O fato é que o Cruzeiro, dentro da sua realidade, chega mais forte em 2022 do que nos anos anteriores. Mais forte dentro e principalmente fora de campo.
Comparação
Fiz questão de analisar o início de temporada da dupla Galo e Raposa de forma separada, justamente pra mostrar que hoje, ainda que muitos insistam, não há comparação entre ambos.
O Galo segue o time mais forte do estado e começa a temporada como o melhor do país (ao lado do Palmeiras), brigando pela manutenção da hegemonia nas principais competições nacionais e pela retomada da América. E o trabalho coletivo é muito bom neste primeiro trimestre.
Já o Cruzeiro chega para a disputa de sua terceira Série B com a melhor condição para que seja a última. Tem um elenco enxuto, mas bem montado e pensado dentro do que o seu treinador quer dentro de campo. Comparada à maioria dos seus adversários na Série B, a Raposa tem um rendimento mais consolidado, com melhores desempenho e resultados até aqui. É um ótimo começo para quem quer ter um final feliz, como há muito tempo não tem.
Atleticanos e Cruzeirenses podem e devem desfrutar dos seus momentos, mas sem cometerem o erro que muitos têm cometido: a comparação. Hoje não existe a mínima condição de comparar um ao outro pelo simples fato de viverem realidades distintas dentro e fora das quatro linhas.
Edu Panzi é jornalista e comentarista esportivo na Rádio Itatiaia
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